sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Religiosas impõem exigência para permanecer no Lar São Vicente de Paulo

Ao entregar a presidência do Lar São Vicente de Paulo, no domingo, 17, José Guilherme Negrão Peixoto, o Guiga, afirmou que um dos principais desafios da administração dele foi a reestruturação interna exigida pelas irmãs da Providência. Atualmente, o asilo possui 84 internos e conta com o trabalho de quatro religiosas.
De acordo com o ex-presidente, no início da gestão (fevereiro de 2011), houve a necessidade de convencer as religiosas a permanecer no Lar.
Para ficar, a Ordem da Providência teria exigido mudanças na estrutura administrativa e no quadro de funcionários remunerados.
“Logo que assumi, a madre provincial exigiu imediatamente uma participação maior das irmãs na administração, e eu deixei claro que a presença delas era prioridade para nós. E conseguimos convencê-las a não abandonar a casa”, comentou Guiga.
Na avaliação do ex-presidente, a presença das irmãs é fundamental para a continuação das atividades no asilo.
“Nesta casa, sem as irmãs, podemos fechar as portas e encerrar. Além da parte espiritual, elas são as pernas, os braços e o coração para o trabalho com os nossos assistidos”.
Para garantir a continuidade das religiosas na entidade, a diretoria teve de realizar modificações no quadro de empregados. Na ocasião, alguns funcionários que não se adequavam às exigências das religiosas foram demitidos. Por conta disso, o asilo chegou a sofrer processos trabalhistas.
A irmã Maria Santos Silveira, diretora do Lar, também falou sobre o impasse durante a reunião de posse do novo presidente do asilo, o fisioterapeuta Ivan Rezende Ferreira. “Nós começamos a gestão com certas dificuldades”, contou.
Segundo Maria, no passado, o não cumprimento das determinações da Ordem da Providência levou à saída das religiosas de diversas entidades, como as Santas Casas de Tatuí, Tietê e Capivari.
“Isso aconteceu justamente porque houve dificuldades em colocar em prática os objetivos do nosso carisma: salvar as almas pela caridade e lutar com todas as forças pela justiça e pela integridade dos nossos destinatários”, afirmou a diretora do asilo.
Ela disse que, às vezes, a missão das religiosas não é compreendida e que a convivência entre assistidos, funcionários e irmãs nem sempre é fácil.
No entanto, conforme Maria, a casa precisa acolher as pessoas em sua integridade total, oferecendo qualidade de vida física, psíquica e espiritual.
Um dos maiores problemas, segundo a diretora, acontece antes de o idoso ingressar na casa. “Às vezes, eles são enganados. É dito que vão para uma clínica fazer um tratamento, ou que vão passar apenas alguns dias no asilo, e que, depois, voltam para casa. Mas, não podemos tratar as pessoas como objetos. Elas têm o direito de serem orientadas no que espera o final de suas vidas”.
Maria salientou que o respeito aos internos é muito importante, sendo até mesmo um dos fatores que podem determinar a saída das religiosas do Lar São Vicente.
“A madre provincial deixou bem claro que, apesar de estarmos aqui há 80 anos, nós não temos necessidade de permanecer perpetuamente nesta casa”.
“Nós vivemos numa missão e permaneceremos enquanto o nosso carisma puder ser executado. A partir do momento em que não houver essa colaboração, nossa presença se torna dispensável”, afirmou ela.
A religiosa afirmou, ainda, que existem muitas outras obras precisando dos serviços da Ordem da Providência. “Mas, a gente não tem mais irmãs para auxiliar nestes locais”, observou.
Contrapondo as afirmações do presidente atual e do anterior, Maria alegou que o asilo tatuiano poderia sobreviver sem a participação das irmãs.
“Aqui em Tatuí, está tudo bem organizado, e há uma equipe que faz um trabalho maravilhoso. Talvez não seria necessária a presença contínua das irmãs. Quem sabe chega um dia que a gente vai deixar esta obra também”, concluiu.
Entretanto, o novo presidente sustentou que a renovação do contrato com a ordem religiosa já está firmada. Na avaliação dele, a presença das irmãs é fundamental.
“As irmãs são o coração desta casa. Toda comunidade tem uma integração muito grande com elas, e esperamos que permaneçam por muitos e muitos anos”, concluiu Ferreira.
                                                                                            oprogressodetatui.com.br

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