sábado, 9 de março de 2013

Adolescente identificado pela PC é apontado como autor de pichações


Menos de uma semana depois de O Progresso noticiar a preocupação das autoridades com relação ao aumento nos casos de pichação e depredação, a Polícia Civil identificou um dos principais responsáveis pela prática do delito na cidade.
Na manhã de quinta-feira, 7, um estudante de 17 anos, acompanhado da mãe, esteve na Delegacia Central e confessou a pichação em diversos pontos da região central. Ele prestou depoimento ao delegado titular do município, José Alexandre Garcia Andreucci.
O delegado informou que a Polícia Civil soube do aumento nas pichações por meio de reclamações de comerciantes e moradores da região central. Segundo Andreucci, a repercussão aumentou com a divulgação do problema na imprensa local.
“Começamos uma investigação para saber quem são as pessoas que cometem as pichações”, adiantou o delegado. Segundo ele, a PC chegou ao nome do estudante com a ajuda de denúncias. A comprovação de que ele era pichador surgiu no perfil do jovem, em uma rede social.
“Nesta página, há diversas fotografias de muros e paredes que o estudante já havia pichado. Algumas imagens, inclusive, o mostram segurando uma lata de tinta, em frente às pinturas”, comentou Andreucci.
Conforme o delegado, a “grande quantidade” de fotografias indica que o estudante é um dos principais responsáveis pelas pichações na região central. “Diante das provas, ele acabou confessando a autoria”.
A partir do depoimento do adolescente, a PC elaborará relatório e encaminhará o caso à Vara da Infância e da Juventude. “O menor será apresentado diante do juiz e o caso terá encaminhamento”, afirmou o delegado.
Segundo ele, a PC continuará investigando a prática de pichação. Os autores podem ser acusados de dano ao patrimônio e por crime ambiental. Andreucci explica que o delito pode ter diversas implicações ao autor.
“A prática de danos a patrimônios pode levar o proprietário a pedir indenização. Se o autor for menor de idade, a responsabilidade pode recair sobre os pais. Se ele for maior, é preso em flagrante delito”, frisou o titular.

Social

Ao tomar o depoimento do estudante acusado de pichação, o delegado levantou as questões sociais que teriam levado o jovem ao delito. Entre os pontos, estariam o desemprego e a falta de incentivo à prática do grafite.
“Ele está com 17 anos e alega que não consegue emprego. Não pode ser contratado como menor aprendiz, porque, pela lei, teria que ter 14 anos. Também não pode ser contratado como funcionário normal, porque ainda não tem 18”, comentou Andreucci.
Recentemente, o jovem teria participado de um curso de grafite. No entanto, segundo o estudante, na cidade, “não há apoio nem locais apropriados para a prática da arte”.
“Sem condições de fazer o grafite e sem condições de conseguir um emprego, ele pichou a cidade como uma forma de externar sua revolta”, concluiu o delegado.
Ouvido pela reportagem, o estudante afirmou que existe muita diferença entre a pichação e o grafite. “O grafite pronto é uma coisa bonita. Já a satisfação do picho é a adrenalina do momento em que é feito, na altura, em um lugar que não é permitido”.
Entretanto, a diferença entre grafite e pichação também envolve custos e autorizações. O estudante disse que já tentou encontrar proprietários de imóveis que estariam dispostos a ceder espaço e recursos para a pintura.
“Eu digo para as pessoas que elas vão ganhar algo bonito, que elas poderiam aceitar. Mas, já que não consigo, eu faço o que eu gosto de uma maneira mais barata”, declarou o estudante.
Um argumento a favor do grafite seria o fato de que se trata de manifestação artística respeitada pelos pichadores. O estudante garantiu que, onde há grafite, não acontecem pichações. “Existe respeito, e vale para todos os pichadores e grafiteiros”.
De acordo com o menor, existem muitas outras pessoas que praticam pichação no centro. “Tem bastante. Eu conheço poucos, pessoalmente, mas sei que existem muitos porque a gente identifica a escrita de cada um”.
O menor também relatou como os grupos costumam agir. Segundo ele, existe uma competição, e os alvos são escolhidos pela dificuldade de serem pintados. “A gente sai de madrugada, esconde o material, toma um ‘goró’, de vez em quando, e sai por ai procurando”.
Entre os lugares que o estudante reconheceu ter pichado, está o prédio da Previdência Social, na rua Prudente de Moraes, o da empresa Telefônica, na praça Paulo Setúbal, e um imóvel localizado na rua 15 de Novembro.
                                                                                    Oprogressodetatui.com.br

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