sábado, 9 de fevereiro de 2013

Mulher registra queixa de agressão e ameaça contra médico do PS local


Uma mulher de 26 anos procurou a Delegacia de Polícia Central, na quarta-feira, 6, para registrar TCO (termo circunstanciado) contra um médico do Pronto-Socorro Municipal “Erasmo Peixoto”. Acompanhada do marido, de 22 anos, ela alegou que teria sido agredida pelo profissional com um chute.
A confusão ocorreu por volta das 13h40, envolvendo uma enfermeira do ambulatório como testemunha. A profissional, de 25 anos, também prestou depoimento e, assim com o médico, apresentou outra versão para o ocorrido.
Regiane Aparecida Correia registrou a queixa às 14h25. Ela disse à polícia que a filha – uma menina de idade não divulgada – havia sido levada ao pronto-socorro porque estava passando mal.
A menina teria sido atendida pela enfermeira Natalia Stevanato Silva, mas não teria sido “passada na frente (sendo atendida antes dos demais pacientes) porque o médico não havia deixado”.
A mãe disse que chegou a aguardar pelo atendimento, no saguão de espera, mas que se desesperou porque a filha começou a vomitar. A menina teria “perdido as forças” no braço dela.
Nesse momento, a mãe sustenta que entrou na sala da enfermeira para avisar que a filha estava piorando. De acordo com ela, a enfermeira teria dito que ela conversasse com o médico Valdir dos Reis, 69.
Em depoimento, a mãe contou que entrou no consultório do médico. Porém, afirmou que, antes mesmo de conseguir dizer algo, ele a teria “mandado sair”. Nesse momento, o médico teria puxado ela para fora da sala, “segurando forte no braço da menina que estava no colo da mãe”.
A mulher afirmou que contestou o profissional, perguntando a ele se esperaria a menina morrer para atendê-la. O médico teria dito que “não se importava”.
Depois disso, Rita afirmou que fora levada para outro local por “diversos enfermeiros”. Eles teriam dito que ela seria atendida por outro profissional. Quando aguardava, Reis teria aparecido e começado a ofendê-la. O médico teria chutado a perna da mãe, não deixando “lesão aparente”.
Com a confusão, guardas civis municipais precisaram intervir. Depois de conter os ânimos, eles encaminharam os envolvidos até a Delegacia Central. Entre eles, o marido de Rita. José Renato Ramos.
O marido registrou que o médico teria sido agressivo com a mulher. Por esse motivo, teria batido na porta do consultório para chamá-lo. O médico, porém, teria aberto a porta e “avançado na direção dele”. Também teria feito ameaças, dizendo que havia “marcado o rosto dele e que os dias do marido da mulher estariam contados”.
O médico relatou, em depoimento, que havia sido surpreendido pela mãe da menina no momento em que atendia outra paciente. De acordo com ele, a mulher estava “visivelmente alterada” e “gritava que a filha dela iria morrer por falta de atendimento”.
A mãe também teria ofendido o médico, afirmando que ele seria “incompetente” e que “não iria sair da sala”. E teria exaltado-se ainda mais quando o profissional pediu que ela se retirasse, pois “estava atendendo um paciente”.
O médico confirmou que conduziu a mulher até a porta, mas disse que “apenas apoiou as mãos dele no braço da mãe”. De acordo com o profissional, uma das mãos dele teria “ficado sobre a criança”, que estava no colo da mulher.
Ainda em depoimento, o profissional disse que, mesmo, com a mulher “se debatendo”, ele conseguiu encaminhá-la para fora do consultório. Depois disso, teria ouvido o marido dela chutar a porta e ela própria “começado a berrar”, alegando que a menina teria sido agredida por ele.
O profissional afirmou que saiu do consultório para questionar a enfermeira sobre o estado da menina. Disse que queria saber se o caso era de “caráter urgente”. Nesse momento, teria sido ameaçado verbalmente pelo pai da criança.
Por fim, o médico afirmou que, em alguns momentos, falou “palavras desagradáveis” para os pais da menina. Entretanto, sustentou que fez isso porque ficou abalado emocionalmente. De acordo com o médico, ele nunca havia “passado por situação semelhante” até então.
Para a polícia, a enfermeira confirmou que atendeu a mãe. Disse que pegou a ficha da menor e que realizou pré-atendimento no balcão. De acordo com ela, a mãe teria tido que a filha havia “tomado uma guloseima” no dia anterior e, às 11h de quarta-feira, começado a vomitar.
A enfermeira citou que disse à mãe que ela seria atendida na próxima chamada e que o atendimento demoraria em torno de 40 minutos. Na sequência, a mãe teria saído da sala. Entretanto, havia voltado minutos depois, “visivelmente alterada”. A mãe havia dito que a filha estava vomitando e teria sido “irônica” com os funcionários.
Depois de questionar se a equipe esperaria a menina morrer para atendê-la, a mulher teria saído “eufórica” do consultório.
Na sequência, a enfermeira diz ter ouvido gritos e presenciado o médico perguntar sobre o quadro clínico da menor. A enfermeira disse, também, que presenciou o pai da criança ameaçar o médico.
A Secretaria Municipal de Saúde enviou nota sobre o episódio. A pasta informa que, no momento do incidente, quatro médicos estavam de plantão no pronto-socorro, “três atendendo nos consultórios e um, na sala de emergência”.
Conforme a pasta municipal, essa grade de atendimento “se repete todos os dias, exceto às segundas-feiras, quando cinco profissionais estão disponíveis para atendimento à população”.
A secretaria afirma, também, por meio da assessoria de comunicação da Prefeitura, que “não houve demora no atendimento e sequer maus-tratos a pacientes”.
A secretaria divulgou prontuário médico do atendimento à criança. De acordo com o documento, o cadastro ocorreu às 13h11. A criança apresentava “quadro de vômito por ingestão de bebida láctea com prazo de validade vencido”.
Às 13h16, a menina teria passado pela triagem, “que avalia o grau de urgência do procedimento”; às 14h14, teve alta, após passar por consulta e receber medicação.
Conforme o prontuário, não houve necessidade de internação, uma vez que, em nenhum momento, a criança “apresentou febre ou convulsão”.
A secretaria esclareceu que “o grande volume de pessoas registrado refere-se ao fluxo do ambulatório de traumatologia, que funciona semanalmente às quartas-feiras, no próprio pronto-socorro”. Segundo a pasta, o setor recebe cerca de 40 pacientes, para retornos e curativos referentes a fraturas, entorses e luxações.
Também de acordo com nota enviada pela Prefeitura, no início de quinta-feira, 7, o secretário municipal da Saúde, José Luiz Barusso, reuniu-se com a equipe clínica do ambulatório para averiguar os fatos. Entretanto, a assessoria não divulgou se a secretaria ou o pronto-socorro abririam sindicância.
Na nota, a secretaria ratifica que o “pronto-socorro vem passando por uma série de melhorias, como reparos estruturais que possibilitaram, por exemplo, o fim das inundações e goteiras no prédio”.
Também cita que, “em breve, a estrutura será toda revitalizada e remodelada, física e funcionalmente, inaugurando uma nova fase de qualidade na saúde pública do município”.
O caso será investigado pela Polícia Civil, uma vez que todos os envolvidos prestaram queixa de ameaça. O médico também reclamou de desacato.
                                                                                      oprogressodetatui.com.br

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