sábado, 16 de fevereiro de 2013

Governos pedem mais atenção ao Aedes





Dengue: é fácil combater, só não pode esquecer”. Esta é a mensagem escolhida pelo Ministério da Saúde para a campanha anual de combate à doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, cujo período crítico é entre os meses de dezembro e maio.
Lançada no início do ano, a campanha é acompanhada de investimento de R$ 173 milhões para que municípios e Estados intensifiquem as medidas de vigilância, prevenção e controle da dengue.
A principal contrapartida exigida dos municípios é a garantia de cobertura completa nas visitas domiciliares. Além de vistoriar os imóveis para identificação e eliminação dos focos, o trabalho de campo tem objetivo de conscientizar a população.
Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, alerta que, no período crítico, a população deve redobrar os cuidados, verificando locais de armazenamento de água, acondicionamento de lixo e eliminando todos os recipientes que possam acumular água e virar criadouros do mosquito.
Tema semelhante foi adotado pela Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo. Neste ano, a pasta realiza campanha de prevenção à doença com a mensagem: “Dengue não tem vacina. A vacina é a sua ação”.
O ponto comum entre as duas campanhas está na orientação de que o menor descuido pode ser suficiente para o aparecimento de um novo foco de criação do mosquito.
Conforme os materiais de divulgação da campanha, a atenção deve ser redobrada nos dias de chuva, pois a água pode ficar acumulada em locais inesperados.
Objetos simples, como tampinhas de garrafa ou pedaços de sacolas plásticas, podem acumular a água necessária para a reprodução do Aedes aegypti.
Calhas e ralos devem ficar limpos e desobstruídos. Se ficarem armazenados ao ar livre, recipientes como garrafas, latas e baldes devem ficar com a abertura virada para o solo. Já os pneus devem ser guardados em local coberto.
Lonas utilizadas para cobrir outros objetos precisam estar bem esticadas para evitar o acumulo de água. Como o peso da água pode mudar a posição das lonas, o ideal é verificá-las após as chuvas.
Neste ano, a equipe de combate à dengue, da Secretaria Municipal de Saúde, realizou verificações por amostragem em 1.122 imóveis, incluindo todos os bairros da zona urbana.
O resultado, conhecido como ADL (Índice de Densidade Larvária) aponta seis focos de criação do mosquito para cada cem imóveis vistoriados. Conforme Luis Felipe de Oliveira Rosa, coordenador da equipe, o Aedes está presente em todos os bairros.
Os dados da verificação realizada no município foram repassados à Sucen (Superintendência de Controle de Endemias) de Sorocaba e apresentados em palestra no início do mês.
Segundo o órgão estadual, nos 1.122 domicílios verificados, foram encontrados 1.801 recipientes propícios para reprodução do mosquito. Em 1.163, havia água acumulada e 88 deles continham larvas do Aedes.
A pesquisa apontou que a maior parte dos focos encontrados estava em ralos externos, pneus, pratos e pingadeiras de plantas, garrafas retornáveis, “frascos úteis”, calhas e lonas plásticas.
Para se reproduzir, o mosquito recorre a locais que tenham água limpa, parada e sombreada. Por isso, reservatórios de água e vasilhas para alimentação de animais devem ser higienizados semanalmente. A limpeza deve incluir as bordas secas, local em que o mosquito deposita os ovos.
No centro, um dos locais considerados mais críticos é a avenida Cônego João Clímaco, também conhecida como Avenida das Mangueiras. A grande quantidade de árvores e a proximidade com o Cemitério Cristo Rei facilitam a proliferação do inseto.
No início deste mês, até a Câmara Municipal detectou problema relacionado ao mosquito. Equipes do setor de combate à dengue encontraram larvas em um dos reservatórios instalados ao lado do edifício “Presidente Tancredo Neves”.
A mesa diretora do Legislativo tomou conhecimento do fato no dia 5, durante a primeira sessão extraordinária do ano, por meio de ofício emitido pela Prefeitura.
O setor de combate à dengue salientou que, devido ao período de temperaturas altas e chuvas constantes, os ambientes como reservatórios de água tornam-se “extremamente favoráveis” à proliferação dos mosquitos.
“É imprescindível um constante cuidado para que o local não se torne um grande criadouro perene, oferecendo riscos à saúde, principalmente das pessoas que residem nas proximidades da Câmara”, consta o ofício.
A notificação surpreendeu a administração da Câmara. O diretor administrativo Adilson Fernando dos Santos informou que a água dos tanques recebe tratamento regular de cloro e limpeza periódica. “Recebem os mesmos cuidados que uma piscina”, contou.
Os dois reservatórios foram construídos em 2007, não necessariamente por questões estéticas, mas atendendo a exigências do Corpo de Bombeiros.
“Quando o edifício foi ampliado, os bombeiros solicitaram um reservatório de 12 mil litros para que essa água fosse utilizada em caso de incêndio. No projeto, foi feito um sistema de sustentabilidade para aproveitar a água da chuva”, afirmou Santos.
Conforme o diretor, o problema que pode ter causado a presença de larvas está justamente no fato de que os tanques recebem a água que cai do telhado.
“Como choveu muito, pode ter havido um transbordamento, e a água tratada com cloro acabou sendo substituída por água da chuva. Os produtos químicos acabaram desaparecendo dos tanques”, ponderou.
O diretor lembrou que a equipe de combate à dengue costuma vistoriar o prédio da Câmara com frequência. “Realmente, eles detectaram que o nível de cloro estava baixo, mas providenciamos a recolocação do produto imediatamente”, concluiu.
“Com a quantidade de chuva que temos no verão, qualquer pessoa que tiver um descuido mínimo pode estar tendo um criadouro de mosquitos em casa, ou até no seu local de trabalho”, comentou o coordenador de combate à dengue.

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