sábado, 9 de fevereiro de 2013

aedes aegypti está em 6 de cada 100 moradias




Já considerada “preocupante”, a situação do município com relação aos focos do mosquito transmissor da dengue piorou em fevereiro. A ADL (avaliação de densidade larvária) subiu de 5 para 6, conforme números divulgados pela Secretaria Municipal da Saúde.
As informações dão conta de que o risco de contaminação está presente em todos os bairros da cidade. O diagnóstico foi apresentado na noite de quinta-feira, 7, durante palestra com duas profissionais da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo.
Kátia Cristina Gomes Lima, diretora do GVE (Grupo de Vigilância Epidemiológica) de Sorocaba, e Sueli Yashumaro Dias, diretora de serviços regionais da Sucen (Superintendência de Controle de Endemias), também de Sorocaba, informaram que, na região, o número de casos confirmados de dengue já passa de cem.
Na palestra, Sueli abordou particularidades sobre o processo de reprodução do mosquito e os modelos ideais para o controle dos focos de criação.
A diretora destacou que Tatuí reúne todas as condições geográficas para a proliferação da espécie transmissora da dengue: altitude inferior a 2.000 metros, latitude entre 35º norte e 35º sul, temperaturas médias entre 15 e 35 graus e umidade entre média e alta.
“Duas destas características, a chuva e o calor, contribuem para que o ciclo de reprodução do mosquito aconteça de forma muito mais rápida. Quanto mais quente e úmido, mais rápido é o ciclo”, alertou.
Outro fator destacado diz respeito ao trabalho de eliminação dos focos do mosquito. Na avaliação da diretora, o quadro que leva à existência do mosquito ultrapassa as atribuições das secretarias municipais de saúde. “Envolve áreas como habitação, saneamento básico e educação”.
Na palestra, a diretora do GVE apresentou números atualizados sobre as vistorias realizadas em Tatuí. Conforme ela, a zona urbana do município foi dividida em duas áreas de controle.
No lado sul, que inclui bairros como o Jardim Santa Rita de Cássia, Dr. Laurindo, Santa Cruz e parte do centro, foram encontrados 1.048 recipientes propícios para reprodução do mosquito. Em 667 deles, havia acúmulo de água e em 37, focos com larvas do Aedes aegypti.
Na outra metade da zona urbana, região que compreende vila Esperança, Jardim Tóquio, vila Angélica e parte do centro, foram identificados 753 possíveis criadouros. Em 496 deles, havia água acumulada e em 51, larvas do mosquito causador da dengue.
De acordo com o setor de combate à dengue, a verificação dos focos seguiu critérios por amostragem, sendo sorteados quarteirões inteiros para a inspeção. No total, 1.122 imóveis foram vistoriados, incluindo todos os bairros da zona urbana.
O relatório aponta que a maior parte dos focos encontrados estava em ralos externos, pneus, pratos e pingadeiras de plantas, garrafas retornáveis, “frascos úteis”, calhas e lonas plásticas.
Já a representante da Sucen iniciou a palestra orientando os profissionais de saúde sobre a importância de eles estarem atentos aos casos suspeitos.
“O profissional precisa pensar em dengue. No início, os sintomas não são exclusivos da doença, e até entende-se que o profissional tenha dificuldades. Mas, considerando a situação epidemiológica da região, um quadro de febre sempre tem que ser considerado suspeito”, recomendou.
Em seguida, Kátia apresentou informações sobre casos confirmados de dengue nos 33 municípios que fazem parte da Sucen de Sorocaba. Os dados são do GVE e foram atualizadas na quarta-feira, 6.
Conforme o relatório, os municípios de Cerquilho, Ibiúna, Quadra e Ribeirão Grande ainda não registraram casos de suspeita de dengue. Em Tatuí, houve uma notificação de suspeita, descartada no dia 30 de janeiro.
Na região, os casos mais preocupantes encontram-se em Sorocaba, com 635 suspeitas, Itu, 53, e Salto, 103.
A assessoria de comunicação da Prefeitura de Sorocaba informou que, até o dia 1o deste mês, haviam sido confirmados 50 casos de dengue. Já a Prefeitura de Salto informou que, até 30 de janeiro, a cidade confirmou seis casos. A assessoria de comunicação da Prefeitura de Itu informou que a cidade já teve 25 casos de dengue.
Dos 140 casos de dengue confirmados na região, 59 são autóctones, ou seja, contraídos por pessoas que não saíram do município em que moram.
Entre as outras 81 confirmações, destacam-se dois casos de dengue em Alambari. Os pacientes, já recuperados, teriam sido contaminados na cidade de Jacupiranga, na região de Registro.
De acordo com Kátia, o Vale do Ribeira e os Estados do Mato Grosso e Minas Gerais são os mais perigosos para contaminação.

Prevenção

As duas palestrantes destacaram o fato de que a maioria das pessoas possui todas as informações sobre a prevenção da dengue e, mesmo assim, continua sem praticar os cuidados mais importantes.
“Por que as pessoas não fazem o que deveriam fazer, mesmo sabendo que deveriam fazer? É uma questão comportamental, mas não tenho uma explicação. Me parece que as pessoas estão esperando uma vacina, como se fosse o único jeito de resolver a situação”, comentou Kátia.
Para aumentar a conscientização, a diretora do GVE fez orientações no sentido de sensibilizar a população. A ideia é fazer com que os moradores entendam o risco de contrair a doença, independentemente de números.
“Se o meu filho morrer de dengue, ele poderá estar dentro de uma estatística mínima na minha cidade. Mas, na minha casa, a fatalidade será de 100%. Talvez pensando dessa forma as pessoas comecem a mudar atitudes”, disse Kátia.
Para Luis Felipe de Oliveira Rosa, supervisor do combate à dengue no município, a falta de cuidado ainda é perceptível, mas não se refere à maioria da população. Antes de ser supervisor, Rosa era agente de campo e chegou a comprovar a negligência de moradores.
“Você bate e a pessoa diz que alguém passou antes explicando que não pode deixar água parada. Depois de insistir um pouco, você entra e encontra recipientes com água. As pessoas sabem dos casos pela televisão, mas acham que não acontecerá nas casas delas”, comentou o supervisor.
Segundo ele, na maioria das casas, os focos de criação do mosquito são encontrados em recipientes formados por material reciclável, que poderia ser eliminado facilmente.
“Há muitos pneus velhos. As pessoas trocam e não dão o destino correto. O certo seria procurar o setor do Meio Ambiente, porque, na cidade, existe um serviço de recolhimento”, disse. O setor ambiental funciona na rua Coronel Aureliano de Camargo, 943, no centro.
De acordo com Rosa, atualmente, o setor de combate à dengue conta com 16 agentes de campo. Eles realizam trabalho de verificação nas residências, para eliminação de possíveis focos e orientação dos moradores.
O uso de inseticidas, conforme ele, ainda é pouco comum. “Quando trabalhamos com a hipótese de usar veneno, também consideramos a resistência. Se você usar inseticida de forma desesperada, quando tiver novos criadouros, o veneno pode não ter eficiência”.
O supervisor disse que o produto não é prejudicial à saúde humana e que está sendo utilizado apenas em locais considerados de risco, como cemitérios e empresas de reciclagem.
Para o diretor da Vigilância em Saúde, Máximo Machado Lourenço, um ponto importante no trabalho de prevenção da dengue é a orientação dos profissionais que atuam no setor.
“Queremos que eles tenham informações certas e que estejam incentivados a fazer um trabalho de forma intensificada”.
Lourenço disse que, apesar de ainda não haver casos da doença na cidade, a ADL de 6% é preocupante. “Se existe muita larva, logo adiante vai existir o mosquito, e, tendo casos de dengue nos municípios próximos, o vírus está circulando. Fatalmente, nós podemos ter uma epidemia”.
Da mesma forma, o secretário municipal da Saúde, José Luiz Barusso, afirmou que está preocupado com a situação.
“Temos municípios vizinhos com casos confirmados de dengue, principalmente em Sorocaba, que é uma cidade que recebe muitas pessoas de Tatuí, e também a ADL alta, principalmente por causa desta época quente, de muitas chuvas”, observou.
Segundo ele, se houver registros de casos da doença na cidade, a Vigilância estará preparada para agir imediatamente.
“A gente já tem normas e condutas estabelecidas, e estamos preparados para isso. Temos capacidade de fazer o diagnóstico, a notificação, e fazer o cerco para que não haja proliferação. Tudo isso é definido por protocolo”.
                                                                                    oprogressodetatui.com.br

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