sábado, 9 de junho de 2012

Asilo registra ‘bom público’ em 83a festa




Estamos vendo a concretização de um trabalho árduo, de uma festa que, apesar da chuva, oferece uma estrutura muito boa. Maior do que tinha há 83 anos”. As palavras são do presidente do Lar São Vicente de Paulo, José Guilherme Negrão Peixoto, o Guiga, e referem-se à “Festa da Caridade”, realizada no dia de Corpus Christi, quinta-feira, 7.
A 83a edição do evento religioso aconteceu sob chuva que chegou a diminuir o movimento no período da manhã (cessando no período da tarde), mas não tirou o brilho da confraternização.
A festa organizada há 83 anos representa a principal fonte de renda da entidade, atualmente, com 88 internos. “Esse evento surgiu com Nicolau Eleutério, um agricultor que teve uma safra muito boa e resolveu doar parte dela para a nossa entidade”, comentou o presidente. “De lá para cá, as arrecadações passaram a ser costumeiras e deram origem à nossa confraternização”, disse.
Para atender ao público que cresce a cada ano (a estimativa inicial, sem chuva, era de aproximadamente 40 mil pessoas), a instituição passou a implantar barracas e a oferecer espaços cobertos, bem como mesas e cadeiras.
Recentemente, a entidade “entregou ao povo” a nova capela, inaugurada no dia 3. “Ela vai ao encontro dos anseios da casa, que é a melhora constante da qualidade de vida dos nossos assistidos. Vale à pena lembrar que a capela foi iniciada na gestão anterior, numa atitude encorajada do ex-presidente José Carlos Ribeiro, junto com meu amigo Miguel Nunes”, disse Guiga. Conforme ele, a construção da capela representou um “marco na história da casa”.
O espaço recebeu uma das duas missas celebradas no dia. Entre os fieis que a acompanharam estiveram a capelense Maria Bassi. “Não é todos os anos que eu consigo acompanhar a missa, mas eu venho à festa há mais de 30 anos”, disse.
Moradora da área rural da cidade de Capela do Alto, Maria contou que faz questão de participar do evento não só para acompanhar as celebrações, mas para colaborar. “Ajudo no que posso”, citou.
A missa da manhã de quinta-feira, 7, foi a primeira a qual ela assistiu nas dependências da nova capela e a primeira sem o companheiro. “Esse ano, infelizmente, meu marido não veio comigo. Fiz questão de vir como uma lembrança à memória dele e em agradecimento às graças que alcancei”, falou.
A fé e a caridade que deram origem à festa também moveram Claudete Moura da casa dela até o asilo. “Venho para cá, há muitos anos. Tantos que já perdi as contas”, comentou.
De acordo com ela, que também é voluntária na entidade, participar da missa representa uma forma de agradecimento, ainda que isso signifique tirar o guarda-chuvas de dentro do armário. “Não poderia deixar de vir, até porque eu ajudo na fabricação de pasteis para a festa”, disse.
Quem também compareceu ao evento foi Flávia Regina, ministra da Paróquia Sagrada Família, que chegou ao lar acompanhando a procissão do Santíssimo Sacramento, após missa na Matriz. A celebração havia sido programada para ser realizada na praça, mas teve de ser transferida para dentro da Igreja da Paróquia-Santuário Nossa Senhora da Conceição por conta da chuva. “A fé do povo é o mais importante e a chuva não deve atrapalhar”, disse ela antes da procissão.
A romaria teve a rota desviada, também em função da chuva, e neste ano aconteceu sem o “tapete vermelho”, resgatado pela Secretaria Municipal da Cultura, Turismo, Esporte, Lazer e Juventude. Saindo da igreja, a procissão percorreu as ruas José Bonifácio, 15 de Novembro (e não a Juvenal de Campos, como estava previsto), avenida Coronel Firmo Vieira de Camargo e rua Santa Terezinha. “A romaria acontece com ou sem tapete, com ou sem chuva, porque nada deve atrapalhar a fé do povo, que é o mais importante”, disse Flávia.
Para se proteger da chuva, a maioria dos participantes da procissão utilizou guarda-chuvas, como fez Larisa Maria Nardin. “Tenho uma vocação e estou me descobrindo dentro da igreja”, disse a menina que há sete meses atua como cerimoniária na Paróquia Santa Cruz.
Everson dos Santos Camargo e Guilherme Leme, da Paróquia Sagrada Família, também enfrentaram a chuva, que ficou fraca durante a procissão, para acompanhar a passagem do “Corpo de Cristo” até as dependências do asilo. “Vim buscar a sabedoria do nosso bispo, independente da condição do tempo. Para isso vale tudo, vale usar guarda-chuva ou até as mãos”, disse Camargo.
Leme, que auxilia o trabalho de um grupo de jovens, afirmou que enfrentar a chuva é um esforço que valia à pena. “Temos que aproveitar o tempo livre para acompanhar a Palavra de Deus. A chuva, se não dá para driblar, não espanta”, falou.
Com a chegada da procissão, o público da festa teve um “aumento”. “Começa a ‘esquentar’ mesmo é a partir do meio-dia”, afirmou Guiga. O presidente disse ainda que, além das atrações tradicionais (leilão de prendas e bezerros, barracas de comes e bebes e shows com dupla sertaneja), a entidade preparou uma nova atração: a barraca da Paróquia Sagrada Família. “Ela é referência de Tatuí em se tratando das delícias do milho verde”, disse.
A barraca foi montada neste ano, pela primeira vez, e dividiu a atenção do público com as demais, espalhadas pelas dependências da entidade. O evento de 2012 contou ainda com oito tendas cobertas e um jogo de 500 mesas as quais abrigaram boa parte da população que compareceu ao evento.
“Nós já estávamos nos preparando para receber o público caso a chuva viesse, por isso providenciamos essas instalações”, comentou Guiga. Segundo ele, a chuva não chegou a atrapalhar o evento completamente. “Isso é a providência de Deus. Se é para chover vai chover, independente da nossa vontade e se é para a população colaborar, ela vai colaborar com ou sem chuva”.
Ao comentar sobre o público, Guiga lembrou que o evento tem dois propósitos: o primeiro de angariar fundos para a manutenção da entidade; o segundo, de proporcionar um contato dos internos com a população em geral. “O que é mais bonito de ver são os nossos 88 assistidos que estão esperando pelo público. Eles querem ver movimento e isso tem que acontecer durante todo o ano”, defendeu.
Conforme o presidente, a população pode e deve colaborar com visitas esporádicas aos internos, muitos deles, carentes de contato com outras pessoas. “Não precisa ser com todo mundo e não precisa ser todos os dias. Vinte minutos de prosa são mais do que suficientes para proporcionar a eles qualidade de vida”, falou.
Maria Aparecida Barros, interna do lar há quase dois anos, é prova de que os asilados não necessitam somente de condições adequadas, mas de carinho. “Fico esperando o ano todo. São duas datas que eu mais aguardo: o Natal e a Festa da Caridade”, contou.
Maria Aparecida ficou posicionada na entrada principal do asilo porque queria muito estar integrada ao público e receber os visitantes. “A gente procura circulação. Gosto de coisa bonita, que chame a atenção, e essa festa é muito movimentada”, disse.
A presença do público mesmo com o tempo instável surpreendeu a vice-presidente do lar e responsável pelo resgate do “Bazar do Asilo”, Célia Holtz. “Felizmente, mesmo com esse tempo, a população veio toda para cá. Estamos tendo um movimento legal, tanto na festa, como no bazar, que funciona em dois pontos”, disse.
A comercialização de peças de roupas e demais objetos (utensílios e equipamentos eletrônicos, entre outros) aconteceu no barracão ao lado do asilo e da Amart (Associação dos Artistas Plásticos de Tatuí e Região) e no pavilhão “C” da entidade. Lá, os artigos disponibilizados à venda foram separados em salas. “Esse é um trabalho que soma para atrair cada vez mais pessoas”, disse Célia.
De acordo com ela, o bazar é também um dos mecanismos que ajudam a entidade a levantar verbas. Ele ainda projeta a instituição, que recebe ajuda da comunidade. Uma delas veio na forma de tinta, doada pela empresa Lukscolor. “O lar está todo pintado, foi uma coisa maravilhosa. Com a ajuda, nós conseguimos pintar a frente e a parte interna”, disse a vice-presidente.
Além dela, outras 19 voluntárias atuam no bazar. Entre as quais está a “bazarenta” Maria Izabel, mais conhecida como “Cotinha”. “Trabalho há uns três anos”, comentou ela, que permaneceu no barracão da entidade. Cotinha auxilia na triagem dos materiais doados ao São Vicente de Paulo e na “arrumação” do bazar. “Ajudamos em tudo, porque alguns itens que são aproveitados ficam para os asilados ou para a entidade. O que não serve, vem tudo para cá. Nosso trabalho é organizar e colocar tudo no seu devido lugar”, falou.
Os itens colocados à venda são recebidos pela entidade por diversos órgãos. O asilo recebe, até mesmo, doações do Fusstat (Fundo Social de Solidariedade de Tatuí). Os produtos que não são aproveitados são disponibilizados à venda no bazar. Ele funciona semanalmente, toda quinta-feira, das 13h30 às 15h, e, nos próximos 15 dias, estará fechado. “Temos que dar folga para as ‘bazarentas’ por causa desse período de trabalho”, disse Célia cuja família auxilia a entidade há anos.
“Meu tio, José Carlos Holtz, pai da minha prima, a Vera Holtz (atriz global), foi da diretoria. Também, minha tia Terezinha Fraletti, sempre participou. Então, me sinto em casa”, citou ela. “É um trabalho muito bom e recompensador”, adicionou.
O resultado do evento – que atraiu “bom público” ainda que com chuva – deve ser divulgado na semana que vem, quando a entidade espera publicar balanço.
                                                                                                      oprogressodetatui.com.br

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